18 de fev. de 2014

Aula :(

Caro amigo...


As férias foram boas.
Mas tudo que é bom dura pouco, como disse Carmem Miranda. Brincadeira, eu não sei quem disse isso. Mas estava inteiramente certo.
Quando meu sono estava chegando ao seu ápice, minha mãe me sacudiu, praticamente gritando com uma feição aparentemente psicopata:
- Primeiro dia de aula no quarto ano, Dudu! Levante! 
Sim, hoje foi o meu primeiro dia de aula no quarto ano. O que passou pela minha cabeça quase toda a manhã foi: "por que a vida é tão dura, Deus?".
Você sabe, os primeiros minutos são até legais. Você revê seus colegas, professores, e até que tem um pouquinho de saudade de sentar em uma classe e estudar. 
Nos primeiros minutos, eu disse.
Depois você começa a perceber que aquilo vai durar o ano inteiro. Como um looping infinito de trevas e sofrimento. Como a mais dura guerra de 100 anos.
Acordar cedo sacudido pela sua mãe.
Sentar na classe.
Ouvir, copiar, obedecer, resolver, calcular, criar, pensar, obedecer, ouvir.
Levantar da classe.
Almoçar.
Passar a tarde fazendo o dever de casa.
Dormir cedo porque você está cansado.
Acordar cedo sacudido pela sua mãe.
E assim sucessivamente até a eternidade. Porque o ano realmente parece uma eternidade. 
Mas as coisas não foram tão horríveis, talvez eu esteja exagerando.
Como de costume, eu e Felipe sentamos em classes próximas, onde podíamos comentar sobre os novos colegas, zoar os professores ou pedir respostas de atividades um para o outro. Geralmente sou eu quem peço porque o Felipe é um pouquinho mais inteligente. Espero que ele não leia isso. 
E adivinhe só quem estava lá? 
Acertou se você disse Lúcia. Errou se você disse qualquer outra coisa. Burro. Quando eu estava finalmente esquecendo da sua existência, todo o negócio estranho que eu sinto por ela voltou à tona ao vê-la novamente. Nos demos um oi discreto, mas sentamos um em cada lado da sala. O Felipe sugeriu que eu conversasse com ela no recreio, mas eu sou mais tímido do que pareço.
Eu sei que prestei bastante atenção nela. Ela parecia mais bonita do que nunca. 
Mas a Lúcia não é o assunto desta carta. O que eu realmente quero é lhe desejar boa sorte com as aulas neste ano. Espero que você sobreviva. E eu espero que eu também sobreviva. Espero que todos sobrevivam, embora saibamos que é difícil.


Abraços do Eduardo. 

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